Fernando Madureira em carta aberta a Graça Freitas

Depois de Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, ter revelado que a claque estaria a apoiar a equipa portista ao longo do trajeto para o estádio, com bandeiras e tarjas, de fora para dentro, Graça Freitas, a responsável máxima da Direção Geral de Saúde (DGS), apelou à consciência de cada um.

Durante a conferência de imprensa diária com o balanço do Covid-19 no país, quando questionada sobre as declarações de Fernando Madureira, Graça Freitas pediu respeito pelas regras e lembrou o esforço que foi feito para que o campeonato pudesse regressar. “Nas imediações dos estádios não deve haver presença de adeptos, nem aglomerados nos cafés ou onde estão a passar as transmissões dos jogos. Isto é um apelo! O vírus está a circular, não desapareceu. Não podemos dar-lhe meios para se passar de uma pessoa para outra. Há que respeitar as regras! Apela-se à consciência de cada um. Foi um passo importante o recomeço do campeonato, foi esforço enorme, agora todos temos de garantir que a época acabe em segurança e que ninguém se infete por causa do futebol. A responsabilidade social tem de prevalecer, não vamos deitar tudo a perder, o que conquistámos foi com tanto esforço! Apelo aos adeptos para cumprirem as regras. Temos tido capacidade de sermos flexíveis e no futebol também o seremos. Vamos monitorizar muito bem as coisas e em cada momento será feita a avaliação do risco e as medidas vão adaptar-se consoante esses riscos e aos que projetamos que possam vir a acontecer”, disse Graça Freitas.

Ainda que o líder da claque do FC Porto tenha dito inicialmente que “não iremos lá para provocar nada nem pôr em causa a saúde de ninguém, mas apenas para apoiar o nosso clube”, depois da conferência da DGS, Fernando Madureira partilhou uma carta aberta dirigida a Graça Freitas.

“Boa tarde Sr.ª Dr.ª Graça Freitas

Antes de mais, quero em nome pessoal e de milhões de portugueses, agradecer o seu contributo no combate à pandemia Covid-19. Bem-haja.

Dirijo-me a si na qualidade de líder dos Super Dragões, maior grupo de apoio do FC Porto. Desde a primeira hora que assumimos a responsabilidade social inerente a uma Associação que faz da Integração e Solidariedade dois pilares basilares da sua existência.

Tanto no apoio a unidades hospitalares, e seus respetivos profissionais, como às populações mais desprotegidas, estivemos, e ainda estamos, na primeira linha de apoio, compreendendo a importância de toda esta nova realidade para as populações.

Como seguramente compreenderá, enquanto líder de uma claque que faz do apoio ao seu clube a sua maior razão de viver, estou perante um problema de difícil gestão e para o qual pedia a sua ajuda, conselhos e recomendações.

Regressam esta semana os jogos da Liga e com eles toda a emoção ao seu redor. Como calcula, é difícil liderar um conjunto de pessoas que neste momento já podem frequentar os seus ginásios, irem à missa, à praia, frequentarem os seus cafés e restaurantes e depois conseguir impedi-los de apoiar o seu clube.

É público que temos a intenção de marcar presença no exterior dos estádios onde o FC Porto jogue, sempre respeitando o distanciamento social, utilização de máscaras, o número máximo de pessoas aglomeradas, medidas de higienização, etc.

Ainda assim, conscientes de que este é um problema social e não apenas dos Super Dragões, nada queremos fazer para que alguma instrução da DGS não seja respeitada. Pelo contrário, queremos dar o exemplo de cidadania e de que o regresso à ‘nova normalidade’ poderá ser feito com sentido de responsabilidade.

Neste sentido, reitero o meu pedido de ajuda através de conselhos e recomendações específicas que devem ser tidas em consideração, comportamento a evitar, e essencialmente a melhor forma de passar uma imagem de respeito pelo próximo, sem abdicar do regresso à normalidade.

Apresento os meus respeitosos cumprimentos, Fernando Madureira.”